terça-feira, 30 de outubro de 2007

A copa de 2014


charge de André Gonçalves

Pode ser que eu seja muito ranzinza, mas fiquei indignada com a escolha do Brasil para sediar a copa de 2014. Primeiro, aquela pataquada da comitiva: de Paulo Coelho a uma "ruma" de governadores (será que não tinham nada mais importante a fazer do que engrossar uma comitiva para farrear na Europa?);
Depois o patético discurso de Paulo Coelho (até hoje eu não acredito que seja o mesmo "Dom Paulete" tão carinhosamente chamado por Raul) comparando o futebol com o ato sexual, para concluir que o primeiro rende mais prazer, se é que eu entendi direito. Minha santa mãe de misericórdia! Será que metáforas futebolísticas são o nosso melhor destino?
Mas vamos ao ponto: todo mundo viu o que se gastou com o PAN (quatro vezes o orçamento inicial previsto). Nenhuma matemática do mundo pode justificar um desatino desses. Todo mundo sabe que se gasta numa pequena reforma doméstica 1,5 ou até 2 vezes mais do que foi previsto, mas mais do que isso, alguém está levando vantagem. Ou somos todos idiotas. Aí se argumenta que os gastos com o PAN são benefícios que ficarão para a cidade, como o uso dos estádios para maior democratização dos usuários. Gostaria de saber se isso está acontecendo no Rio. E, parece castigo, esse vexame do deslizamento do túnel. Do jeito que a coisa aconteceu, todo mundo se eximindo de suas responsabilidades, poderia ter acontecido durante o PAN que ninguém tinha antevisto isso, com medidas preventivas de contenção da encosta. Elementar, mas tudo aqui é assim, quando acontece o absolutamente previsível diante do desmando, todo mundo tira o seu da reta. E fica por isso mesmo. Impunidade, seu nome é Brasil! zil! zil! zil!
E vamos comemorar, porque a copa de 2014 é nossa! "Seus problemas acabaram!" como costuma brincar a turma do Casseta. Nada mais nos importa, nada nos atinge, vamos sediar a copa!
Deveríamos ficar atentos com o orçamento que vai nos custar mais essa "brasileirada" e que reais benefícios isso vai nos trazer.
Até agora (tá bom, também foi hoje o resultado, pode ser que esteja errada, tomara!) não ouvi uma única voz refletir sobre o tema, só festa. Como sempre.

Nietzsche, sempre um alento!



Acima de nós uma estrela brilha perto da outra,
Em torno de nós ruge a eternidade. (do poema Colombo - Nietzsche)

"Suas idéias mostram que ela se aventurou até os confins extremos do que se pode pensar, no domínio moral como no intelectual, enfim: um gênio, tanto pelo espírito quanto pela alma" (Peter Gast, sobre Lou Salomé)

Para Nietzsche, Gast era um novo Mozart, cheio de beleza, calor, serenidade, plenitude, abundância de invenção. Agora ele não queria mais ouvir outra coisa e o wagnerismo lhe parecia pobre, artificial e cabotino.

Outrora eu tomei você por uma visão e uma aparição do ideal sobre a terra. Note: tenho uma vista muito ruim. (Nietzsche, sobre Lou)

Despudorada, infiel, traindo qualquer um com quem quer que surgisse à sua frente, ela é incapaz de delicadeza de coração, violenta, incerta, sem coragem, grosseira nas questões de honra. (Nietzsche, sobre Lou)

"Não fui eu quem criou o mundo, nem Lou. Se eu tivesse criado Lou, lhe teria dado certamente uma saúde melhor, mas sobretudo coisas mais importantes que a saúde e também talvez um pouco de amor por mim (embora isso não seja a coisa mais importante). (Nietzsche, numa carta que supostamente mandaria a Lou)

Egoísmo sagrado que paralisa a boa vontade - egoísmo de gato que não pode mais amar, essa vitalidade para nada, são o que me é mais odioso no homem

"Um homem meio louco, torturado por enxaquecas e que uma longa solidão desregulou" (o que Nietzsche achava que os amigos pensavam dele).

É muito mais difícil perdoar os amigos do que os inimigos.

Falar de heroísmo é falar de sacrifício e de dever, e precisamente de um dever de cada dia, de cada hora, é pois, falar de muito mais: a alma inteira deve estar ocupada por um único objeto, em comparação com o qual a vida e a felicidade são indiferentes.

Era a ocasião de provar a si mesmo que todos os acontecimentos são úteis, todos os dias santos e todos os homens divinos. (N. em carta a Overbeck, no Natal, rompido com a mãe)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Porque hoje é lua cheia




A lua cheia derrama todo o seu encanto no mar de Amaralina e (mistério!) continua cheia...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A loucura da arte de Peter Greenaway



Com a trilogia "As valises de Tulse Luper", Greenaway alcança o limite do improvável, do absurdo, do genial. A partir da vida de Luper, um eterno prisioneiro, conta-nos toda a história do século XX. Luper não se sentia estranho sendo prisioneiro, afinal, dizia ele, quem não é? Todos somos prisioneiros de alguma coisa, alguma pessoa, algum ideal. Ninguém é livre, esse é o pressuposto de Luper, um arquivista, arqueólogo e interessado em ciências naturais, que tem sua vida dissecada a partir de 92 valises. Do país de Gales para o deserto de Utah, EUA, para a Antuérpia, Bélgica, para a França, lá vai Luper, de prisão em prisão, de fronteira em fronteira, de idioma em idioma, vivendo tudo o que a vida tem para ser vivida. Esse trailler é uma pequena amostra do fantástico trabalho de direção de Greenaway. Vamos torcer para que chegue logo em DVD ou no circuito alternativo, já que a exibição na Walter da Silveira ficou prejudicada sem o último filme por motivos técnicos.

No http://adrulez.blogspot.com/ esse comentário atualíssimo, da recente presença de Greenaway no Brasil:

"Em São Paulo, onde esteve para o lançamento do Festival Internacional de Arte Eletrônica, o diretor brindou o público com cenas fortíssimas e reflexões inteligentes a céu aberto. E provou que existem muitas formas de se contar uma história sem precisar recorrer à cronologia, ao linear, e o mais impressionante: às palavras."

Segundo o cineasta, que já foi pintor: "O cinema como meio de comunicação de idéias está morto. A produção contemporânea é entediante. Em 10 minutos de filme já se sabe o que vai acontecer, como vai acontecer e de que forma vai terminar. A psiquê humana precisa de novidades. O cinema precisa desesperadamente ser reinventado, assim como qualquer mídia tem que se reinventar (...) Esses 112 anos foram apenas o prólogo do cinema."
Peter Greenaway
Mais detalhes no site http://petergreenaway.co.uk/tulse.htm
É filme para se ter em casa, e ver, e ver de novo, e ver sempre.

sábado, 13 de outubro de 2007

Autran, bem mais que Resíduo

um premonitório aviso do que fica: resíduos.



No caso de Autran, ficam bem mais do que resíduos. Autran era daqueles caras que mereciam ser imortais. Sensível, brilhante na sua longa carreira de ator de teatro e algumas novelas, mas principalmente um grande ser humano, tolerante, bem humorado, lúcido ao extremo, realmente, não era pra ele ir agora. A quem devo encaminhar reclamação por tão grave erro de cronograma? Fica aqui a nossa mais profunda saudade.

domingo, 7 de outubro de 2007

Millôr, eterno Millôr!

"Representação é o alucinógino da organização social chamada democracia. Temos 479 representantes de nossas necessidades e ambições sociais - 479 deputados! Uma sociedade precisa de tantos? Por que não diminuir para 10? Ou melhor, nenhum?"

Nova edição da "Bíblia do Caos" já à venda. Corram! É um presente infalível para todas as ocasiões. E faz pensar, antes de qualquer coisa, além de rir, que é sempre o melhor remédio!

Outros poemas/Henrique Wagner

De portas abertas

As funerárias pequenas e grandes,
de portas sempre abertas
mesmo se as ruas estão fechadas,
ou se um velho passeia de mãos dadas
com sua neta,
ou um casal de senhores namora cedo
quando a manhã principia,
ou quando um cachorro passa com pressa
antes que se termine a via,
ou quando os pais levam seus filhos cedinho
para a escolinha ou o parquinho,
ou quando o sol começa a aguar
o sorvete da menina com um vestido azul,
ou quando a surpresa nos incomoda
ao nos depararmos com essas antigas lojas eternas,
a vender uma velha forma de se esconder a vida.

(Poema publicado no livro "As horas do mundo", edição esgotada). Publiquei Henrique Wagner inspirada no surpreendente poema de nilson pedro, do blag, que trata do mesmo tema, do inevitável tema, vida/morte, nilsonpedro.wordpress.com Visitem!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

De Londres, fotos exclusivas de manifestação em solidariedade ao povo de Mianmar!








Recebi esse email com quatro fotos exclusivas de uma manifestação, em Londres, em solidariedade ao povo de Mianmar. Era para escolher uma, não resisti, as fotos enviadas pela jornalista Hilda Fausto, em viagem a Londres, são todas absolutamente necessárias. Os brutamontes de Mianmar não vão achá-la mais em Londres, já escapuliu pra Madri.

Vejam o email:

Aí estão as fotos... com vê, não estão lá essa coca-cola...
queria ter feito uma foto segurando a bandeira da birmania, mas não foi possível... de qualquer forma. fiquei emocionada qdo me deparei com a manifestação, que não sabia que tava rolando... isso aconteceu no domingo pela manhã, dia 30 de setembro (acho que uma ação que ocorreu em várias partes do mundo), na Trafalgar Square, palco da grandes manifestações políticas da Inglaterra e também onde está instalada a National Gallery, uma das mais importantes da cidade.
Bjs.
Hildinha


Isso é que eu chamo de "auxílio luxuoso", como diz Luiz Melodia: "E o auxílio luxuoso de um pandeiro, até sonhar de madrugada, uma moça sem mancada, uma mulher não deve vacilar". A propósito, a prêmio Nobel da paz de Mianmar, Aung San Suu Kyi, é uma mulher que não vacila: o marido e os filhos foram exilados para Londres, onde o marido depois morreu, e ela preferiu ficar em seu país, em solidariedade aos presos políticos. Nem ao enterro do marido pôde ir. Está em prisão domiciliar há 10 anos.

Liberdade ao povo de Mianmar!!! Isso já está passando de todos os limites aceitáveis!!!

O enviado da ONU para Mianmar é o brasileiro Paulo César Pinheiro, para sorte da imagem pública da anta Celso Amorim, mas duvido que ele tenha mexido uma palha para isso, foi uma decisão da ONU mesmo. Amorim, como já comentei aqui, se recusou a assinar sanções contra os militares de Mianmar, como fizeram vários países, dizendo que isso era intromissão em política interna de outro país, que o que ele poderia fazer era "reforçar a democracia". Como assim, cara pálida?

Para apoio aos manifestantes de Mianmar e impedir a repressão violenta aos monges e à população, assine já!

Vá ao link:

http://www.avaaz.org e assine o manifesto, preenchendo nome, email e país de origem.
Em poucos dias a petição ganhou o apoio de 638.352 pessoas de todo o mundo, até a hora que votei.

Queremos chegar a 1 milhão de assinaturas, ajude-nos a divulgar a campanha.

http://www.avaaz.org