quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Reflexões sobre um furto

Um rapaz magro, alto, de uns 16 anos surrupiou-me a bolsa num ponto de ônibus na rua Chile, voltando do show de Gal Costa, por volta de 22:50. Primeiro o susto, a impotência, dar-me conta que em vez de pegar o ônibus e voltar pra casa, teria que ir a uma delegacia prestar queixa. Estava com uns amigos (dois homens), que ainda tentaram alcançar o rapaz, em vão. Voltaram desculpando-se por não terem conseguido. Apareceram dois policiais (incrível como parece tudo arquitetado, na hora não tinha policial nenhum) que me sugeriram ir à delegacia do Terreiro de Jesus. Pedi (achei q estava na Suiça) para me levarem lá, mas estavam sem viatura. Fui a pé, com duas amigas. Na Praça da Sé encontramos três guardas, contei-lhes o ocorrido e me disseram que eu teria que ir aos Barris, porque a delegacia do Terreiro só atende a turistas. Não acreditei! Quer dizer q baiano não pode ser assaltado naquela região? Insisti e fomos à delegacia de atendimento ao turista (chama assim). Três pessoas estavam prestando queixa de assaltos, mas logo, surpreendentemente, fui bem atendida por um policial civil que se queixou e me perguntou se tinha lido o jornal do dia, onde noticiavam a soltura de 140 ladrões por falta de espaço no sistema presidiário. Segundo ele, os ladrões presos (quando o são) gozam com a cara deles, porque sabem q logo serão soltos, inclusive por advogados q os atendem de graça, para serem pagos depois, com o lucro dos assaltos. Registrada a queixa, pegamos um taxi e logo o assunto voltou, o taxista disse-me que eles sabem a hora de troca de guarda, o q em tese já é um absurdo, porque não deveria ficar em aberto hora nenhuma. Gostei da minha reação. Não fui agredida fisicamente, nenhum arranhão, nada, apenas fiquei sem a bolsa q continha um celular legal e meus óculos de grau, além de cartões, facilmente bloqueáveis.
Fiquei puta com a corrupção que é, no final das contas, a grande responsável por situações como essa. Se os bilhões de reais que correm pelo ralo e nunca, NUNCA são devolvidos aos cofres públicos, se esse dinheiro fosse aplicado em educação, saúde, emprego, certamente esse rapaz não precisaria correr o risco de se expor a um furto tão pouco lucrativo para ele, com exceção de um celular q deve ter vendido na primeira esquina por uma mixaria para cheirar cola ou fumar crack. Não custa insistir que a Polícia Federal RECUSOU o prêmio de cinco milhões de dólares pela prisão do traficante colombiano Abadia. Já comentei isso aqui, o quanto esse dinheiro poderia ser usado não para construção de presídios (que é o atestado da incompetência da segurança pública brasileira) mas para a recuperação de jovens cooptados pelo tráfico como a única possibilidade de ascenção social e massacrados pela mídia para terem o tênis da moda ou a moto possante.
Quando é q teremos punição para os corruptos e devolução do dinheiro público, e aplicação correta da CPMF? Sei não!!!

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