sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

E la nave va!



Lá vamos nós para 2008, catando os caquinhos do que foi esse ano que passou, balanços das nossas vidas, planos para o novo ano que chega... Final de ano é sempre essa hora de repensarmos o rumo das nossas barcas, mudança de rotas, desvios, atalhos, sempre a ilusão da possibilidade de um recomeço, como se nossas vidas estivessem atreladas a calendários vãos. Apesar de boa parte da humanidade não considerar essa data o fim de um ano, para nós é sempre uma hora de acerto de contas. Então vamos nessa! Sem retrospectivas, por favor, que disso se encarregam os medíocres meios de comunicação. O "cacos" compartilha com seus amigos fé no futuro. Coisa difícil, quando lembramos que teremos pela frente um cansativo ano eleitoral, com as ridículas disputas de podres poderes. Quase impossível ficar imune a isso, por mais que se tente. Ainda assim, fé no futuro que virá, que já vem vindo, como "anuncia" Alceu Valença:

Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...


E um pouco de Drummond, que ninguém é de ferro:


Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Um grande 2008 a todos! Façamos por merecê-lo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Festival Internacional de Palhaços

Não poderia deixar de registrar aqui o Encontro Internacional de Palhaços "Anjos do Picadeiro", grande evento que este ano escolheu Salvador como sede.
Mais detalhes, fotos e comentários no http://picadeiroquente.blogspot.com/
Bom divertimento a todos os que não puderam comparecer. Foi uma grande jornada, com direito a 12 horas ininterruptas de apresentações. Muito bom!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


Fui à premiação do Festival de 5 minutos, versão 2007, produzido pela DIMAS. O resultado, sempre questionado por alguns, teve menções honrosas e prêmios que variaram entre 3 e 10 mil reais. Graninha boa para quem normalmente rala muito para produzir alguma coisa de qualidade nesse país de tão pouco incentivo à cultura. Destaque para "Foram todos pra lua", "Veras", "Meninos", "Passo" (brilhante animação), "Pega, Mata e Come", de Carlos Pronzato, fazendo a devida justiça sobre o verdadeiro autor de Carcará, imortalizado na insuperável interpretação de Betânia. É senso comum atribuir-se a João do Vale a autoria, mas esse filme esclarece qualquer mal-entendido: o verdadeiro autor de "Carcará" é José Cândido da Silva, nascido em Puxinanã, povoado de Santana de Ipanema, nas Alagoas, mas criado em Aracaju, onde viu nascer seus filhos, e onde voltou a viver, depois de aposentado e de consagrar-se, no Rio de Janeiro, como autor de diversos sucessos musicais, alguns dos quais em parceria com o maranhense João do Vale, o que não foi o caso de "Carcará": José Cândido é o único autor de um clássico dos anos de chumbo, interpretado por Nara Leão e por Maria Betânia no espetáculo Opinião, um dos mais assistidos e aplaudidos da década de 1960, e que revelou a própria Betânia, o compositor Zé Keti e outros valores da MPB.
Pois bem, Pronzato, um cineasta argentino radicado na Bahia, foi quem, em 5 minutos, acabou de vez com esse equívoco assumido por muita gente que se diz entendida de MPB. Abocanhou um justíssimo terceiro lugar e o prêmio de 6 mil reais. Parabéns, Pronzato, o júri fez justiça, o que não podemos dizer do primeiro lugar, "Carro de boi", um documentário pouco criativo e que levou 10 mil reais. Mas festival é assim mesmo, subjetividade de jurado é igual a cabeça de juiz e de eleitor. Ninguém sabe o que virá.
O troféu, criado pelo artista plástico Peter Gutman, era uma alusão a um fêmur humano, referência ao homem de Neanderthal e a "2001: uma odisséia no espaço".

Parabéns aos ganhadores e a todos os 285 participantes de todo o Brasil.

Oscar para sempre Niemeyer


Parabéns, grande mestre do sublime e do espanto! 100 anos de puro encantamento!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

O dia em que o Brasil foi invadido

Rir sempre é o melhor remédio