quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ainda Mutações!

Esse seminário ainda vai acabar comigo! A palestra hoje foi com Franklin Leopoldo Silva, prof. do Depto. de Filosofia da USP. Baseado em Bergson e Sartre, passando rapidamente por Marx, o palestrante nos deu um quadro sombrio de presente e quase assustador de futuro. Disse q o progresso, considerado no século XIX como a salvação da humanidade, foi desmentido por todo o século XX, e q hoje, o acúmulo quantitativo de tecnologias gera indiferença e homogeneidade, fala de um verdadeiro tédio do progresso, já que as novidades não são mais que previsíveis e rapidamente superadas por outras. A tecnociência a serviço do poder bélico impõe-nos um totalitarismo de fato. A democracia formal, destituída de ideologias (possibilidades de crenças) não faz mais q estabelecer o desaparecimento da política. Terminou com uma frase de Walter Benjamin que chegaria um tempo onde "tudo é sempre novo e sempre igual". Não aguentei e fiz uma pergunta. Claro q muito cuidadosamente, para não ferir susceptibilidades, mas inverti quase tudo do q ele disse, propondo outra via para se pensar nesse "acúmulo quantitativo" não como um gerador de indiferença e tédio, mas de progressiva inclusão social. Citei um outro palestrante que trouxe os avanços da nanotecnologia, com um vídeo onde mostra um paciente totalmente paralisado que conseguia operar um computador apenas com o cérebro. É isso mesmo! não era com o olhar ou com o alfabeto do físico Stephen Hawkings, q é fantástico mas não é novidade, mas com o cérebro mesmo, ele pensa e o computador responde. Uma coisa fascinante, uma máquina de ler pensamentos. Citei também o menino de 17 anos que conseguiu quebrar o bloqueio do I-phone, antes de ser lançado, como uma prova da engenhosidade humana ilimitada, capacidade criativa inesgotável, e é claro que isso servirá a toda a humanidade, de um jeito ou de outro (aqui acaba minha pergunta), basta pensarmos (isso eu não incluí na pergunta) que morríamos de tuberculose, além da sífilis, é claro. São visíveis os ganhos para a humanidade dos progressos científicos, do aumento da longevidade, da diminuição da mortalidade infantil, apesar de ainda termos que conviver com dramáticas situações de miséria e mortes por fome, além de guerras absurdas e levadas a cabo por interesses energéticos. Mas a ciência está aí para nos fazer melhores e a criativade humana para pensar rapidamente numa alternativa energética menos devastadora do que essa do petróleo, para dar um fim a esse inferno vivo q é o oriente médio. Sem contar os problemas religiosos, mas a humanidade chegará à maturidade de não precisar brigar mais para ver de quem é o deus melhor. Terminada minha pergunta, lá em cima, o prof. severamente respondeu-me: "Não estamos melhores. Esse era o pensamento do século XIX, veja o exemplo fracassado das cidades, por exemplo, com sua horda de excluídos. Os periféricos hoje já buscam se organizar e escolher o q devem ou não, o q querem ou não para suas realidades, não querem repetir os padrões da classe média, e isso é um avanço, mas muito pontual. Como vc sabe, o sistema é muito poderoso e coopta tudo, até os movimentos de resistência (veja os punks de boutique, parênteses meu)". Fiquei insatisfeita, é claro, com a sua resposta, primeiro por ele priorizar a política, a velha e vertical política como apanágio para todos os males. Se não estivéssemos indeferentes à política, segundo ele, essas coisas não estariam acontecendo. Acabei de escrever um post sobre política e poder, no caso Renan, e não gostaria aqui de repetir isso. Apenas salientar as possibilidades de um exercício de poder cada vez mais horizontal, no lugar da ditadura do pensamento único ou de democracias falidas. O engraçado é q eu sempre digo, arrogantemente, q nasci no século errado, pensando q seria melhor nascer lá pelo século 42, ou algo assim, e fui mandada de volta para o século XIX, sem o menor escrúpulo, pelo professor. Com exceção da palestra do prof. Jean-Pierre Dupuy "a fabricação do homem e da natureza", que tratou da Nanotecnologia, parece q não estou num seminário sobre Mutaçoes, mas sobre Melancolias de Sistemas Ultrapassados, cujos paradigmas já não servem para dar conta da nossa realidade.

2 comentários:

Cris Penha disse...

Olá!!

Agradeço sua visita ao Laboratório e estou agora ca cos meus botões pensando e lendo. Seus posts são muitos bons e seu jeito de escrever muito interessante. Agradeço por me linkar e vou te linkar tbm ok??

Passerei sempre por aki e estou gostando do q estou descobrindo !

Abraços

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a opinião de Cris Penha...acrescento ainda a sua facilidade de linkar assuntos dos mais variados...parabéns e continue a nos presentear com suas reflexões...