sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Carandiru, Pará e Fonte Nova


implosão do Carandiru
Agora é moda: se algo muito escabroso acontece em um determinado lugar, a exemplo da chacina do Carandiru, da prisão de uma menor com homens na cela ou do desabamento de uma arquibancada na Fonte Nova, não pensem duas vezes senhores: implosão já! Essa é a lógica perversa que aqui já está virando rotina.
Todo mundo sabe das precaríssimas condições dos presídios brasileiros, com presos amontoados como bichos, com três ou quatro vezes o número humanamente planejado. Pois então, depois daquele escândalo do Carandiru (alguém ainda se lembra?) qual a solução encontrada pelas autoridades? Implodir o prédio, como se as paredes, a construção em si fosse responsável pelo desmantelo. Ou seja, agrava-se o problema de falta de cela para presidiários, descartando uma prisão de grande porte, para aliviar a consciência (ou enganar os trouxas, o que é a mesma coisa) de quem deveria estar ali administrando bem.
No Pará, a mesma coisa agora: um "débil mental" (foi como o delegado, já afastado, chamou a menina) prende uma menor com vários homens. Foi violentada, agredida, até que um ex-detento, que esteve com ela na cela, saiu e conseguiu a sua certidão de nascimento, provando que tinha apenas 15 anos. Solução? Implodir a delegacia!
O caso da Fonte Nova não escapa da lógica do "vamos implodir", como se isso deletasse a responsabilidade dos que autorizaram um jogo decisivo, estádio lotado, sem condições de uso. Essa possibilidade da implosão como mais barata que uma restauração já estava anunciada mesmo antes da tragédia. Gostaria de ver algum parecer técnico sobre isso. Imaginem: implosão, escombros, retirada de entulho (pensem que quantidade assombrosa de entulho), construção de um novo estádio... Tudo isso de olho numa remota possibilidade de a Bahia sediar algum joguinho secundário da Copa do Mundo. Será que não se tem tecnologia hoje para uma restauração segura e mais barata? Ou é melhor entrar na onda nacional mesmo e implodir para ajudar a passar uma borracha no mal feito?
A propósito, ler o Licuri "Borrachoterapia". Ingresia e Galinho também estão dando um tratamento muito sério ao tema.

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