segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tom Zé/Amado Michael

Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.

Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.

Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.

Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.

II

Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.

Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?

Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.

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