sexta-feira, 23 de abril de 2010

Do paroxismo entre os artrópodes


Todos conhecemos a fábula da cigarra e da formiga. Enquanto a primeira cantava no verão, inundando nossos corações com sua alegria, a formiga trabalhava, escrava da rainha, mais valia altíssima sempre, no limiar do lumpezinato. A versão original premiava a formiga com uma despensa cheia de comida durante o inverno, sendo abordada pela cigarra, à qual decide não ajudar. "Enquanto vc cantava eu trabalhava..."
A imaginação humana criou várias versões para esse final infeliz, moralista e nos mostra, ao contrário, a cigarra famosíssima, passeando num carrão de luxo, enquanto a formiga pobrinha, tentando se aquecer no fraco fogo que conseguiu amealhar com a pouca lenha que tinha.
Juro que gosto mais da segunda versão (existem outras, vcs podem pesquisar, a que ela virou parte de uma dupla caipira e muitas mais, mas sempre bem-sucedida).
Gosto mais porque é menos moralista, não sou a favor do bonzinho sempre ser bem recompensado simplesmente porque na vida não é assim. Odeio a alienação da formiga, ignorante dos seus direitos e cumprindo o seu fatalista papel de escrava.
Mas isso são fábulas... Na vida real, a formiga continua se dando "de" bem (como reza agora a mais nova cartilha das gírias, nunca entendi por que esse "de" mas vamos lá. Conheço muito poucas pessoas que tem raiva de formiga. Conheço muitas pessoas que tem medo de barata, horror, nojo, tudo que é ruim. Sentem-se heróicas por salvarem uma formiga e absolutamente vingadas (?) por matarem uma barata.
Alguém pode me responder por quê?
RacionalmenteL: Baratas e formigas andam por lugares imundos, trazem essa imundície para nossa mesa e, ainda assim, preferimos as formigas. Questão de design, talvez?
Aceitamos hípóteses, teses, teorias, qualquer coisa que ajuda a esclarecer esse insondável mistério.

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