segunda-feira, 25 de junho de 2007

amendoim com licor

confesso q não sou muito chegada ao cardápio junino, tudo muito doce, canjica, amendoim, licor, mas é tradição e não sou eu quem vai mudar. Do são joão eu escapei ilesa, dentro de casa ouvindo umas músicas sertanejas q nem lembrava mais q tinha, "jóias sertanejas" do tempo do K-7. Delícia!
Aqui na Bahia o povo adora, não faz nada antes do são joão e qualquer coisa séria q façam só depois do são joão. Ou seja, para uma pessoa que nasceu aqui mas pensa como o planeta, é quase insuportável tanto provincianismo. Parar tudo pq vem são joão? E daí? Dá vontade de perguntar, quando desejam-nos "feliz são joão" (q vc tem q retribuir com um falso "pra vc tb", o mesmo vale para a páscoa, natal então nem se fala. ) É isso, mas escolhi aqui como meu lugar no planeta e tenho q conviver com essas idiossincrasias locais. E por que São João tem essa supremacia clara em relação aos outros dois santos do mês? Santo Antônio é o casamenteiro, e São Pedro tem a chave do céu e faz chover quando ele quer. Muito poderoso. Acho q poderíamos voltar mais os olhos para esse desprestigiado santo q comemora seu dia em 29 de junho.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Lacan, sozinho contra não-todos

O psicanalista Charles Melman faz uma das declarações de amor ao mestre mais lindas e merecidas que já vi: "Por se encontrar numa posição extraordinária, extravagante, extra-lúcida, extrovertida, extra-sensível, extra-terrestre etc Lacan foi denunciado por seus alunos como objeto causador de transtornos à Associação Psicanalítica Internacional (a famigerada IPA). Devia, pois, existir ali alguma desonestidade ou diabrura mesmo.
O sucesso de Lacan não se originou do meio analítico. A aceitação dos Escritos, em 1966, junto a um vasto público, serviu de apadrinhamento honorável para aqueles que, até então, só ousavam referir-se a ele com prudência tática e reserva conveniente". (janeiro de 1982)

Uma frase de Lacan que mostra a sua genialidade: "Não tentem querer fechar, com a tampa da teoria, a marmita do ser do homem" 1967.

Pierre Levy/cibercult

Durante um ano mantive contatos por email com Pierre Levy, um dos mais brilhantes pensadores do ciberespaço. Trocamos idéias incríveis até que comprei o livro "O fogo liberador". Francamente, não dava mais para seguir com ele, que confessa nesse livro uma viagem ao Tibet com a sua esposa e onde encontrou a "liberação". Claro que isso não tira o brilho dos seus trabalhos anteriores, como podem ver aqui no cibercult . Como diz Caetano, "é só um jeito de corpo, não precisa ninguém me acompanhar".

sábado, 9 de junho de 2007

Lou Salomé/Nietzsche/Rée





Vão aqui algumas das frases que mais gosto deste platônico triângulo amoroso.

Ousa tudo. Não tenha necessidade de nada - Lou

A vida te dará poucos presentes. Se queres uma vida, é preciso que a roubes - Lou

Sempre serei fiel às lembranças. Nunca o serei aos homens - Lou

De que estrela caímos nós para nos encontrarmos aqui? (Nietzsche, quando conheceu Lou)

Lou, como todas as moças feias, havia cultivado o espírito par se tornar atraente (Nietzcsche mentindo para Elizabeth, sua irmã e histérica e patologicamente ciumenta. Consta que Lou era fisicamente muito atraente).

Lou propôs morarem os três (ela e mais Nietzsche e Rée) numa casa, co-habitando mas sem relação sexual com nenhum dos dois que eram apaixonados por ela. Chegaram a morar juntos e a "divisa" dos três era: "Perder o hábito da meia medida para viver resolutamente na totalidade, na plenitude e na beleza".

Sobre a perda de deus: o que significa perda se mostra sinônimo de volta a si próprio. (Lou)

Lou encantou a muitos na Europa, tendo sido correspondente de Freud, namorada de Rilke e musa de Nietzsche que, de tão tímido, pediu a Rée que a pedisse em casamento para ele, mesmo sabendo que Rée era também apaixonado por ela.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Apenas um


Sei que chegará, tranqüilamente, o dia em que todo mundo vai ter um. Apenas um. Um pai, uma mãe, uma refeição, uma casa, um amigo, uma escola, um hospital, um parque, um analista, uma praia, uma tv, uma montanha, um meio de transporte, uma estrela, uma jangada, um arco-íris, um trabalho, um som, um cd “Cantigas de Infância”, um pé de mimo do céu, um de flamboyant e um de acácia.
Basta um. Não é necessário mais de um. Tudo demais é sobra, é desperdício, é luxúria.
Um é luxo. Luxo para TODOS. Eu disse TODOS os habitantes do planeta Terra.
Isso não é uma utopia.
É a verdadeira ordem mundial e o meu mais profundo desejo.
Espero ainda estar viva para ver este dia. Se não, pouco me importa. Tenho absoluta certeza que ele chegará.

terça-feira, 5 de junho de 2007

não quero

“Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos,
bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.”

Oscar Wilde

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Comidinhas/outro nome

Retirem o q disse sobre "Meu primeiro queijo frescal". Não é frescal, é quark, um queijo alemão de consistência pastosa, maravilhoso. O meu amigo gourmet estava afobado, concentradíssimo, que não se lembrava o nome do queijo, eu perguntei: "Frescal?" Ele respondeu: ééé, sem muita convicção. Como estava louca para experimentar, comprei o leite in natura e parti para a experiência. O resultado foi o melhor possível, mas aquilo, definitivamente, não era queijo frescal. Telefonei-lhe imediatamente, ao q ele, mais desocupado no momento, me deu o nome correto. Então fica valendo a receita, só q o nome é quark. Pode ser servido puro, delicioso, ou transformado em uma pasta com ervas frescas e alho, muito alho para quem gosta. Já tirei onda aqui com umas visitas, aceitam um queijo quark? Aprovadíssimo!

domingo, 3 de junho de 2007

Feminilidades

A arte é a ponte entre o que há de pior e de melhor em nós mesmos. Ela nos ajuda a tornarmo-nos suportáveis uns aos outros. A falar e a calar na hora certa. Nietzsche (1844-1900) diz isso, com outras palavras, em Humano, Demasiado Humano.

Em 2005, que arte ainda é possível fazer?

A arte do essencial, do mínimo, do conciso e do eloqüente. Com a arte, tento alcançar esse patamar – o da arte de viver. Viver melhor, viver com o mínimo essencial – essência-ser, fala-ser, fale-cer, fale-ser.

Desde o ano 2000, desenvolvo esse conceito, primeiro com o tríptico denominado “Implacável Tempo”, que concorreu à exposição do Museu de Arte Moderna de Salvador. Atualmente, produzo pequenas instalações tridimensionais, a exemplo do “De olho no futuro”, onde utilizo leitor óptico sobre cortiça, em 2001. “A falta”, em fevereiro de 2005, e “Feminilidade – um umbigo voltado para o infinito”, em julho de 2005, com grampos de cabeleireiro pintados com esmalte acrílico, formando um círculo (cujas pontas apontam para o infinito), em suporte quadrado branco.

Todos os trabalhos incluem a relação tempo x espaço. Em “De olho o futuro”, o futuro no presente. Em “A falta”, o vazio do presente, o “deserto do real”. Em “Feminilidade” uma perspectiva otimista de futuro, onde o círculo (formado pela repetição do adereço feminino) abre possibilidades...

A falta

De olho no futuro

Feminilidade - um umbigo voltado para o infinito

sábado, 2 de junho de 2007

Mémoires de l'Hôpital Tenon

Tenon (eu só vim a saber depois) foi um médico encarregado de pesquisar a quantas andava a situação hospitalar da França, no século 19. Minha pesquisa, Tenon, era muito mais particular do que a sua: descobri, dentro de suas entranhas, cadáveres apodrecidos de tédio, impregnados de melancolia e passíveis de Ressureição.
22/06/92

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Minha Janela


Não é para tirar onda com quem mora no hemisfério norte, mas não é um deslumbre ter um visual desses da minha janela, já chegando o inverno? Claro que se paga um preço por isso, os eletro-eletrônicos que o digam, coitados, sempre cobertos quando não estão em uso, mas vale a pena. Não é à toa que Caetano morou aqui por vários anos, daí ter tanta música dele falando de Amaralina, Wally Salomão também morou e Clara Nunes gravou aquela pérola: "E as águas de Amaralina eram gotas de luar". Uma amiga me diz que eu não moro num apartamento, eu moro num transatlântico ancorado. Não é o máximo? Por essas e outras é que minha praia em Salvador é Amaralina e fim de papo.