Em termos de poder, o campo político planetário se polariza em dois campos principais: de um lado os mundialistas, isto é, o governo dos EUA e seus aliados. Este campo tem de seu lado o poder tecnológico, econômico, militar, a força cultural das grandes mídias comerciais e, sobretudo, o apetite de prosperidade, de consumo e de comunicação da imensa massa da população mundial, quaisquer que sejam seus ideais políticos. Do outro lado, encontram-se os governos e os movimentos sociais que se opõem à mundialização sob hegemonia americana. Nesse campo é necessário notar que os governos são geralmente não - ou pouco - democráticos.
Imaginemos a esse propósito uma mundialização que não seja feita pela liberdade de comércio e de comunicação. Uma mundialização sob comando nazista ou soviético ou comunista chinês, por exemplo.
De outro lado, os movimentos de base anti-mundialista como Europa, Ásia-Pacífico desenvolvida e Estados Unidos. Uma importante parte das elites culturais são partidários às teses de "oposição" à mundialização, quer dizer, uma verdadeira oposição no quadro político contemporâneo.
Sobre o plano das idéias os mundialistas favorecem o progresso técnico, principalmente esse da Internet, abertura de mercados, o capitalismo, a democracia e os direitos humanos. Os anti-mundialistas, ideologicamente menos homogêneos, militam geralmente pela defesa das identidades nacionais, são geralmente anti-americanos, não gostam do capitalismo e são a favor da manutenção do papel do estado na economia e o controle das desigualdades sociais. Dir-se-á que os mundialistas insistem sobre valores de liberdade e universalidade, ao passo que os anti-mundialistas insistem sobre valores de igualdade e diversidade. A priori, esses dois conjuntos de valores são mais complementares que opostos. A luta, geralmente violenta, entre os dois partidos, é talvez a aparência local, particular e momentânea disto que poderá representar uma certa forma de equilíbrio dinâmico, se nós aceitamos fazer um esforço para perceber a evolução da situação em uma escala mais vasta.
Nesta perspectiva simplista, a mundialização econômica e financeira parece representar o triunfo do mercado sobre a democracia. O desenvolvimento de todas as formas de comércio e de transação financeira num ciberespaço desterritorializado, esta pretensa vitória do mercado sobre a democracia e esta proporcionalmente maior que as leis (forçosamente nacionais) parecem não mais poder se aplicar. Mas este esquema é muito grosseiro. Estou convencido que a denúncia e a crítica dos excessos e abusos das grandes multinacionais é útil e necessária.
Visto que os atos são orientados para o lucro material sem se importar com os direitos das pessoas e sem nenhuma compaixão pelo próximo, é justo que eles sejam postos em evidência e acusados pelas leis. A liberdade de expressão e a facilidade de informação permitida pela internet vão por outro lado precisamente nesta (boa) direção.
(segue parte 3 no próximo post).
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário