domingo, 12 de agosto de 2007

A fábula das duas velhas ou A mulher que envelheceu de ciúme

Adolfo, 32 anos, foi à praia sozinho. Chegando lá, teve vontade de tomar uma cerveja em lata, mas acabou tomando duas. Como não tinha dinheiro nem para a primeira, pediu à vendedora, 65 anos, que lhe fizesse fiado e que ela poderia ir em sua casa cobrar.
Na outra semana Cristina, 25 anos, esposa de Adolfo, foi à praia, e como tinha dinheiro para tomar apenas uma cerveja não pôde assumir a dívida de Adolfo e, para não passar por má pagadora, resolver dar uma satisfação à vendedora e lhe disse: "Meu marido está lhe devendo duas cervejas, não é?". Ao que a vendedora respondeu: "É, e por sinal ele mandou eu ir em sua casa cobrar, mas como a senhora não estava, eu não quis ir". Ao que Cristina respondeu: "Mas eu não sou ciumenta", e a senhora: "Eu até falei com meu marido e ele achou certo eu não ir". Após a saída da senhora, Cristina começou a pensar melhor para entender o que ela queria dizer com isso. Surgiram duas hipóteses:
1. Que se Cristina chegasse de surpresa, vendo uma senhora de 65 anos nem tão estranha, já que ela a conhecia como vendedora de cerveja, fosse se incomodar, sentir ciúme.
2. Como a senhora tinha evocado a existência do marido, surge outra possibilidade: o medo de ser agarrada à força por Adolfo, casado, sozinho no apartamento.
Cristina a princípio achou um escândalo, aliás, dois escândalos: primeiro a senhora ainda se achar capaz de provocar ciúme em uma jovem mulher de 25 anos e, segundo e mais escandaloso: a senhora achar que poderia suscitar alguma espécie de tesão em um jovem rapaz de 32 anos.
Cristina, alarmada diante dessas alternativas, não mais deixou Adolfo ir à praia sozinho, nem ficar sozinho no apartamento. Sua vida virou um inferno. Passaram-se dez anos e Cristina, consumida de tanta preocupação, envelheceu 30 anos. Um dia voltaram à praia e Adolfo, alarmado, constatou que agora na história, não tinha apenas uma, mas duas velhas.

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