sábado, 12 de abril de 2008

Jean Mitchel pede socorro e não é ouvido.


"Em todo lugar, urubu é preto, já dizia meu avô materno Galdino Borges de Aguiar.
Thiago Fernandes | Divulgação
Jean Mitchel tem hepatite alcoólica, além de erisipela e problemas circulatórios
Áudio
Ouvir "Unchain My Heart", com Jean Mitchel Blues Band é fundamental para quem nãop conhece sua obra,

Zezão Castro, do A Tarde
>> Músico francês precisa de ajuda

A situação do cantor de blues francês Jean Mitchel, 59 anos, internado nas Obras Assistenciais Irmã Dulce (Osid) há 21 dias inspira cuidados. De acordo com informações do departamento médico, ele apresenta quadro de hepatite alcoólica, além de erisipela e problemas circulatórios. Está sem forças para andar.

“O paciente encontra-se bastante debilitado, sofrendo um desgaste pelo estilo de vida em que vivia, apresentando um quadro respiratório comprometido, sistema imunológico debilitado e letargia (vagareza) ao se comunicar decorrente do alcoolismo”, pontuou o fisioterapeuta Cléber Santos, que o examinou nesta sexta.

Não houve condições de diálogo com ele. Com muita dificuldade uma enfermeira conseguiu levantá-lo da cadeira para o leito de número 28 da enfermaria São Camilo. Chegou ali em uma ambulância do Samu, que o recolheu desmaiado nas ruas do Pelourinho.

A vida do cantor é recheada de tragédias. Há cerca de 5 anos, sua filha, uma adolescente que se tornou prostituta morreu afogada na volta de um programa feito com marinheiros no Porto de Salvador. Sem parentes no Brasil e sem saber o paradeiro dos que deixou em Paris, na França, Jean Mitchel batizado Jean Eugène Mouchère encontrou consolo no alcoolismo. E o que mais pintasse na esbórnia do Centro Histórico.

Escreveu ainda um livro chamado “Anjos Negros” e inspirou outro de “ficção”, segundo relatou, escrito por um inglês sobre um cantor de blues francês no Pelô.

Descansa em paz, Jean Mitchel, pois nós, todos os seus amigos, fomos incapazes de prestar-lhe a mais barata das atenções: a solidariedade humana. Certamente estará mais descansado sob a lousa fria de um cemitério em Salvador, a cujo enterro só compareceram 3 pessoas, segundo o vespertino da Tancredo Neves. Cada povo tem o arrependimento que merece!

Um comentário:

Marcus Gusmão disse...

Tem um relato interessante sobre o cara no blog de Sivana Malta, citado por Franciel, do Ingresia, neste post:
http://ingresia.wordpress.com/2008/03/27/alguns-desterrados-e-suas-historias/