domingo, 12 de agosto de 2007

O Horizonte

Quando o muro de Berlim foi derrubado, parecia que naqueles escombros se escondiam os sonhos de boa parte da humanidade. Era confortável a existência do muro: uns ficavam de um de um lado, e outros do outro. Não se tinha muito o que escolher.
Depois da queda, ninguém tinha mais um definido lugar para estar, uma ideologia definida para abraçar. E o império soviético, que durante tantos anos parecia ameaçar ou enfrentar os EUA, mostrou-se tão frágil quanto uma casca de ovo.
E então? O capitalismo ganhou a guerra fria? É o fim da história, como querem alguns "aloprados"? O mundo está condenado ao capitalismo?
Não! Respondem algumas poucas vozes mais dissonantes.
O pensador Pierre Levy, por exemplo, vê "no horizonte, um capitalismo cada vez mais se transformar em comunismo, preservadas as liberdades individuais".
Ele parte do conceito de ciberdemocracia planetária, onde o mundo é cada vez mais transparente, os grandes escândalos financeiros cada vez mais desmascarados e o capital internacional cada vez circula mais pelo planeta.
O resultado disso? Uma ciberdemocracia sustentada, de um lado, pelo crescente acesso de pessoas à informação, e, por outro, um crescente interesse de grupos internacionais em investir nos países pobres (seja através dos governos, seja através de ongs) porque precisam de mercado consumidor.
Como já dizia o velho Marx: "o capitalismo traz no seu seio o germe da sua própria destruição". A mola mestra do capitalismo, o lucro, só é viável se houver mercado para consumir a produção industrial. Não é à toa que todos os bens de consumo são cada vez mas acessíveis: carro, telefone, vídeo, computador, internet.
Mais um detalhe: a tecnologia da informática, hoje acessível a muitos adolescentes, dispensa o conceito de mais-valia. Cada vez o trabalho manual é substituído pelo intelectual. Cada vez mais são as idéias, a criatividade, que podem inventar um programa para facilitar a vida de milhares de pessoas. Um adolescente criativo + um PC, eis a nova célula revolucionária. Isto não pode mais ser chamado de capitalismo, cuja mais valia é essencial. São novos paradigmas que estão convivendo com os destroços da guerra fria.

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