COISA DE CINEMA: muita gente se frustou com o lançamento do PAC 2. Sem tecnologia 3D, esse tipo de projeção não faz mais o menor sucesso.
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terça-feira, 30 de março de 2010
domingo, 28 de março de 2010
Gárgula da maldade
Meu eterno capitão, homem de terra, olhos de fogo, hálito de mar. Meu cabeça-de-vento. Balão cheio de ar. Por ser apenas sua, em alguns breves momentos, deixo que siga aqui, em uma linha, meus pés tirados dessas maquinetas de pescar, pirogas escavadas com a mão, sinais digitais, sem maiores peixes. Te iludo como as sereias já o fazem, mas dando-lhe uma leve visão de meu cosmo. Sou a corporificação salgada dos cascos. O mal de olhar. De frente resolvi testemunhar musicalmente a minha existência, pois sou peixe em seu aquário, minha festa é linda e modesta, agora completo meus centenários atada as rochas da minha libertação. Daqui te vejo passar. Como é lindo. Que vôo maravilhoso de pombos, meu eterno capitão.
(Luiz Carlos Rufo - trecho de "Navegar a nudez")
Persona
Valor. Exemplo. Referência.
A persona de um homem público, de um cuidador ou de um artista influi para muito além dos resultados de suas ações cotidianas, atentas, práticas e espirituais.
A persona em questão congrega a diferença, entrelaça metodicamente argumentos sugestivos prendendo a atenção, faz do cotidiano um lugar melhor do que, muitas vezes, ele realmente se apresenta.
A persona é excepcionalmente interessante, atrai atenções, sugere a beleza através de sua obra, cria com imaginação e maestria momentos de grandiosidade, vibra e fala a verdade.
A persona tem aparência simples e vai na frente, guiada por um homem, intimamente persuadido, que segue logo atrás.
LCR
A persona de um homem público, de um cuidador ou de um artista influi para muito além dos resultados de suas ações cotidianas, atentas, práticas e espirituais.
A persona em questão congrega a diferença, entrelaça metodicamente argumentos sugestivos prendendo a atenção, faz do cotidiano um lugar melhor do que, muitas vezes, ele realmente se apresenta.
A persona é excepcionalmente interessante, atrai atenções, sugere a beleza através de sua obra, cria com imaginação e maestria momentos de grandiosidade, vibra e fala a verdade.
A persona tem aparência simples e vai na frente, guiada por um homem, intimamente persuadido, que segue logo atrás.
LCR
sábado, 27 de março de 2010
Um Barco para Fausto
texto de Luiz Carlos Rufo
Não vejo meu barco em seu porto, apesar de fundeá-lo em seus arredores constantemente.Tenho astrolábio na mão, tenho cartas altimétricas, tenho a posição dos astros e sinto a brisa que bate. Admiro-me da natureza humana, sempre imprevista, pequena e apaixonante. Guio-me, portanto, por cartas, esquemas e pequenos decretos que instituo daqui do trono em que me sento e que ocupo, rico e cobreado, com o sol pela direita, com estrelas no espaldar. Um leão proteje meus pés da umidade de certas palavras. Um cão, sempre fiel, dá-me a noção do que é amor.
1º estudar o local - Devemos conhecer ou pela prática ou por uma carta náutica/poética o local de portos de outrem onde fundear, é sempre bom, ou seja, o tipo de fundo filosófico, altura da sonda das emoções, condições atmosféricas e de mar lingüísticos, a previsão das marés vindas de lá, delas, e se existem outras embarcações já fundeadas, amores. Convém ter sempre uma alternativa no caso da manobra falhar, ter saudades, ou não resultar. Devemos escolher fundos de areia ou lodo e não muito altos, e esculpir com pedras achadas. Daí olhamos o que se pode desenhar; 2º preparar o ferro - Um tripulante à proa, camisa branca e boné, com o ferro preparado para largar. Amarras sem tropeços e convés limpo de modo que não haja impedimentos à saída ou a dança. Talvez seja necessário acrescentar a boia de arinque, ou sanduiches com sucos leves; 3º aproar ao mais forte - Quando se aproximar do local, aproado ao mais forte, vento ou corrente, retire motor e arreie a vela de proa - e a grande se aproar à corrente; 4º arrear o ferro - À ordem do comandante, quando o barco começar a andar à ré, deve descer (não atirar!) o ferro até tocar no fundo. Soltar devagar a amarra de maneira a facilitar, com o peso que o barco exerce, o unhar no fundo.Normalmente larga-se 3 a 5 vezes de amarra em altura do fundo em condições normais. De 5 a 7 vezes de amarra se houver previsão de "tempo" rijo; 5º verificar a posição Depois de amarrar o cabo num cunho é altura de verificar através de pontos de referência fixos na costa se o barco não descai. Não se esqueça de prever a eventual rotação se o vento ou maré virar. Somos bons, somos amigos.
Sei que meus exercitos não marcharam essa noite; que poucas fogueiras, postas aqui e ali, queimarão; vejo cabanas calmas, cavalos, brisa leve com cheiro de espigas de milho fervendo em água, um céu nobre. Tudo isso é calma por agora.
Luiz Carlos Rufo
posted by Luiz Carlos Rufo at Domingo, Maio 20, 2007 6 comments links to this post
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um barco
Rufo, ainda por muito tempo Rufo!
"Onde ocorreu o nascimento"
Um canto, não imprescindível mas musical, cadenciado, suaviloqüência, doçura, delicadeza harmoniosa da vida. Melodiosas asas que sobrevoam o gramado, esse extenso gramado. Sutil e inaudível são suas notas, as desta melodia, você ouve? Ela é grata para com a natureza dos homens em torno. Não é frio seu enlace e combinações, mas o ar, levemente molhado, apresenta um certo enlevo, uma certa umidade, um fresco vapor de final de tarde. Um certo recolhimento em derrubada sobre tudo se faz notar, um estado do ser recolhido e fora de agitações. Aqui, veja, esse banco de jardim se mantém estático, pode tocar, não há o mínimo movimento a não ser sua corrosibilidade pela passagem do tempo que, aqui nesse lugar de mundo, é imperceptível para quem vive sob essas condições, indiferente com a passagem das horas compondo esta pequena e finita cena. Grandes arbustos para lá atrás, verdes e emaranhados de folhas com respingos coloridos e insetos voadores a volta , dizem, uma cerca viva. Sinta o aroma da flor-da-noite que desabrocham à noite. Uma alameda que desce para os lado do perfil da cidade. Um lugar retirado e solene. Uma quietude espantosa. Alguém se aproxima. Eu o espero, ele não. Lentamente, um pouco combalido ele se dirige a mim, bem, não a mim mas ao seu banco. A noite vem cercando ao redor, lenta. Ele se ajeita com seus andrajos e seus pertences.A espessura do ar entre a tamanha distância do banco com a silhueta da cidade impede que seus sons longínquos se aproximem do lugar. Lá, no horizonte, daqui percebo, espocam luzes no ar num suceder de apaga e acende sem organização e de múltiplas cores continuamente e em carrossel. O que indica por aqui que todos estão em festa ou se preparando para ela. O ar já é frio e ele, meu esperado, recolhe-se em sua insignificância e mostra-se ausente. Nenhum de seus muitos sentidos me acusam. Nenhuma de suas expectativas ou desejos me percebem. Nem em sonho ele me vê. Mas, inexoravelmente, eu estou aqui.Sou aquele que está em um local pela primeira vez. Nunca estive por aqui. Um novo convertido. Cheguei pois em minha missão aqui encontrava meu caminho e nesse caminho esse ser me aguardava. Acabei de conhecê-lo mas ele me espera desde que aqui nasceu. Somos diferentes mas tenho algo a fazer por ele. Não compreende o renascimento, nem sei quais são seus propósitos pois vivo em outro estado e tenho minhas próprias conseqüências. O abrupto da passagem e o recomeço não me faz nenhum sentido pois a infinitude de minha existência é de muito e minha permanência não me permite recordar. Sei que sou, indefinidamente a somatória constante de minhas missões e experiências aos quais não posso, nem saberia como, me furtar. Rigorosamente me expando, mudo de extensão, me amplio e compreendo, me ilumino em todas as direções dando sentido as sombras. Me vejo por dentro e observo o entorno através de milhões de conjuntos organizados que contém milhões de orifícios filamentosos que emitem e captam luz de e para todas as direções. Essa capacidade enxerga e compõe uma imagem em sua totalidade e nada, nem dentro nem a ao de redor me escapa.
Concentro-me em imagens estáticas quando necessito concentrar-me em um único propósito e aqui, pois , estou com uma entidade petrificada e sólida em uma única posição. Minhas mãos estão pousadas, minha cabeça inclinada para baixo com os olhos fechados em meditação e sondagens do amigo que se me apresenta. É verdade que flutuo e que na verdade não ocupo um espaço fixo no ambiente, que meus cabelos movimentam-se como filetes moles e vítreos, sem colorido para lá e para cá, em outro tempo e não sei, nem imagino, a razão. Tenho vestes mas sei que saem do meu próprio corpo com extensão de matéria e apesar de ser estático, imóvel, suas rebarbas flutuam aquosa e moles coma menor passagem de vento.Já é noite e eu espero. Nada posso fazer para alterar ou demover. Influenciar, aplacar ou acolher não são atributos de minha missão. Eu apenas espero. E´o que de fato sei, e sei também que as mudanças viram e o que terei que fazer chegara com a luz de meu saber. O amigo se aconchega em seus andrajos.
Carrega pilhas de coisas organizadas em sacolas. Vejo que em todos os recipientes nada de fato há que justifique tamanha responsabilidade em deslocar-las de lá para cá. Vejo por dentro e sinto que seus significados estão dentro dele e não nos objetos. Não vejo história, não vejo símbolo, não vejo afeto, não vejo aconchego, não vejo fatos ou emoções que dêem vida a tanta sorte de objetos enclausurados, Vejo, sim que eles nutrem um sentimento vulgar e inexaurível de posse, uma ânsia de perenidade que atravessara a existência da matéria, uma segurança e um apego ilusórios, que cessará com a inevitável passagem.Ele agora dorme e hoje, em especial e devido a minha presença, sei que não sonhará, pois seu sonho será o de todos os homens, infalivelmente. Independente de ...Meu amigo dorme em sua inocência. Sua existência desprovida e confusa agora de nada vale, eu estou aqui para acompanha-lo. Nesta hora ele é especial. Todo o acumulo de incertezas agora resulta, ele esta apaziguado e nada o aborrecerá.
Percebo ao longe cores avermelhadas e quenturas que se confundem. Subindo a alameda, e grande confusão de gestos e cores, seres agrupados em confusão e agressividade dirigem-se para cá. Eu os aguardo, os compreendo, os acolho. Meu amigo será o alvo pelo menos nas intenções de suas incertezas. Em sua mãos brande a fustigação, a maldade e a invasão. Em seus olhos a avidez a perturbação. São do avermelhado ao verde escuro arroxeado. A cor que emitem desfaz-se em negro riscado e assombrado, e isso vem claramente até mim, ainda em longa distância, Seus propósitos estão ligados a destruição, a fruição e o desprazer. Na verdade, eles choram por ser, desprezam-se por dentro, se despedaçam a cada instante em que existem, fustigam seus órgão vitais e os decepam paulatinamente, dissolvem seus rins seus pâncreas, seus pulmões. Covardes praticam o suicídio lento para voltarem em nova chance, desperdiçando-a. Uma roda sem fim.
Eu me expando, flutuo, acolho-os a distância e os invado lenta e gloriosamente. Meu coração cheio de glórias os compreendem. Meus filamentos de luz se estendem ao infinito de mim, para dentro e para fora. Tudo vejo com os olhos de amar e penetro naquele que me fortalece e em suas estruturas moleculares, a característica do que são em matéria agora a mim se revelam. Tudo acontece em um infinito instante, imperceptível para eles que não se dão conta da eterna transformação que posso lhes causar apenas momentaneamente, não me é direito intervir, apenas ressalvo meu amigo, aquele pelo qual me destino. Nos tons de verde musgo tornarem-se folhas verdejantes seus pensamentos pequenos brilham como jóias e pedrarias, os sons que os abominam se convertem irreverentemente em sons divinais seus dentes brancos de ódio agora sorriem. Seus braços longos e lerdos se procuram em um abraço fraternal. Eles agora se amam. Não mais têm vertigens e ânsia em destruir. Meus azuis profundos contaminam cada partícula de tecido vivo, os filamentos nervosos readquirem a minha harmonia. O azul vai como que amanhecendo em suas células que agora irradiam a felicidade. Sem explicações fazem algazarra na grama, brincam alegremente fazendo graça com tudo, cresce em seu ser uma grande e antiga amizade, o universo em sua grandeza se manifesta levando-os a cantar cantigas. Passam por nós sem nos notar e desaparecem na mais alegre confraternização. Sei que quanto mais se afastam, nos afastamos, mais me ausento e os efeitos de minha influência sumirão assim como surgiram e o mal se restabelecerá.A noite se aproxima. O parque agora repousa sob as estrela e a grama começa a esfriar mais. Ele sobre seus trapos resfolega sem mais nenhum movimento. Seus cabelos em tufos disformes e amealhados em grupos de cores pastosas e acres emolduram seu rosto marcado por sulcos e feridas. Os olhos serrados estão inchados e imóveis plantados sob bolsas de gordura que lhe dão sustentação. Agora os contornos da cidade são mais expressivos mas seus sons e cores nada significam. Tudo esta tão longe de mim. Apenas esse homem se assevera e eu flano em seu entorno, mas não intervenho. Não me é permitido perscrutar. Nosso prazo-dado, que é lugar onde se dá esse tipo de encontro, está definido de antanho, ou se preferir em épocas passadas. Apenas acompanho esse momento. Ele não saberá, pelo menos por esta etapa, e pelas que viram, e por muito mais no tempo daqui e de lá, de minha presença nesse momento, neste instante, de minha graça e substância. De minha intensidade luminosa, a energia, grande relevância e magnitude se empenham por caminhos do ser. Apenas o entregarei aos que o acolherão, e que não podem vir, e o aliviarão para sempre desta etapa que quase nunca termina, sem que também saibam de minhas formas e cores ou signos, de minha estatura, de minha luz, de minha grandiloqüente aparição, apenas ajudo a memória do celebrante a adquirir caráter sagrado em sua passagem. Ele, o meu Amigo, agora é Deus, agora é Santo, agora é Luz e vejo suas vestes despedaçarem-se. Sua carne apodrecera rapidamente e seus vestígios se misturaram as formações anacrônicas, para sempre. Ele hoje é homem. Anjo caído e machucado. Ele, hoje, é para sempre, não por que eu esteja aqui, de certa forma minha presença e a de como sempre estivesse no passado e no presente de seus dias de tortura e gozo. Ele hoje é não mais por aqui. Dele se esvairá o compromisso, o livre arbítrio que apenas existe sob a força da poeira e das massas desse planeta, dos amores, dos desejos, dos atributos, das retribuições, dos deveres para com o Criador. Hoje ele, após despertar, não mais despertará. Sua vestes fétidas se converteram em lixo e ele, o conteúdo cósmico inaudito, se perderá para sempre na lógica dos homens, nos anais de escravaturas, de histórias do pó. Eu o encantarei com uma aura de degelo, eu o acarinharei, com meus infinitos filamentos de luz. Eu o amarei eternamente, esquecendo-o para sempre assim que o deixar, assim que não mais possa vê-lo ou toca-lo.
Minha luz, que é o azul de todas as cores nascida do branco transparente, perdurará nele, o influenciará onde quer que vá. Ela é, sem dúvida, seus próximos milênios. Agora maior, agora infinito. Eu me calo e não mais confabulo, como é o proceder por aqui. Apenas espero a hora da alvorada. Quando os laços da eternidade da vida se desfaz e propicia que seu cativo se vá, para sempre, sem que tenha que ter suas recordações. Eu agora só festejarei dentro de mim a suspeição, representando o mistério as circunstancia de minha estadia, ele é meu amigo. Sinto em meu ser o clarão dos tempos. O amigo está imóvel, suas narinas acenam. Agora seus pertences jazem. No céu paisagens que antes não existiam passam a se mostrar, vagarosamente em todo o seu esplendor. A cidade dos homens é, agora, um breve rabisco abaixo da magnitude dos céus do porvir. Um novo dia. Um novo segundo de um novo e interminável ciclo. O amigo se levanta deixando no chão seus restos de pano e carne. Está livre. Estremece e a solidão dos séculos o abraça. Ele chora enquanto me aproximo, enquanto o invado, enquanto explico o inexplicável a seu éter sem seu conhecimento. Seus olhos agora límpidos vêem pela primeira vez os castelos resplandecentes do céu para onde terá que viajar. Como um filhote ingênuo olha, pasmo, tudo o que já sabia em suas informações genéticas. Eu o acolho, o abraço, agora faço parte dele e o enlevo. Sem que saiba como flutua em direção aos que o esperam. Eu também irei.
Luiz Carlos Rufo
quinta-feira, 25 de março de 2010
Descansa em paz, meu capitão!
Fui sobressaltada hoje com a trágica (mas não surpreendente) notícia da morte de Luís Carlos Rufo, meu eterno capitão, que vinha lutando há mais de ano contra um câncer. Dia 23 de março, em SP. Estive lá em janeiro, tentei contato, mas já não foi possível. Vaidoso e sedutor como era, talvez não tenha querido que eu o visse tão debilitado. Demasiado humano.
Abaixo, um texto que escrevi a seu pedido, em 2007, apresentando a sua coleção de 120 pratos, como minha mais sofrida homenagem.
Sexta-feira, Setembro 07, 2007
"Os Pratos de Rufo"
Meu impertinente capitão pediu-me que escrevesse uma apresentação para os seus pratos. Esse pedido poderia ser de fácil execução, não fosse Rufo o diversificado e talentosíssimo artista que é. Poeta, escritor, escultor, pintor, nada no mundo das artes passa incólume pelas mãos de Rufo.
Sua coleção de 120 pratos (isso mesmo 120!) é uma estonteante viagem que atravessa a mitologia, a história da arte, da filosofia, da poesia para nos encantar a todos com seus vigorosos contrastes de cor, textura e temporalidades diversas.
Cada um dos pratos encerra uma história única, portador de uma estética peculiar que, em conjunto, dá, a quem tem o privilégio de visualizar a totalidade da obra, uma breve noção do alumbramento desse mais recente trabalho. Vigoroso e de uma fertilidade espantosa, Rufo presenteia-nos com seu particular universo mítico, onírico e surreal, ao trazer para o nosso quotidiano, na forma de um objeto absolutamente trivial e ao mesmo tempo sagrado que é o prato, a estética do imprevisível.
O prato, em Rufo, não mais é receptáculo para o alimento diário, mas uma metáfora de todas as nossas fomes, inclusive, e principalmente, a fome inútil e desnecessária da arte. “A gente não quer só comida” parece brandir Rufo, rufar Rufo, a cada prato exibido. Queremos beleza, queremos filigranas insuspeitas, queremos inutilidades estéticas, queremos pratos que não servem para comer, não servem para nada além de serem apreciados como pratos em si mesmos, transubstanciados pela magia da arte que nos alivia a vida e nos fortalece frente à morte.
Pratos eternos, perpetuados pela laboriosa mão do artista que, mais uma vez, serve a nós, pobres mortais, um gostinho de deus.
Christiana Fausto
Mais Rufo em luizcarlosrufo.blogspot.com
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