segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sophie Calle no MAM, até 22/11


Sophie recebeu um e-mail do seu namorado. Muito transtornada, não soube como interpretá-lo e pediu ajuda a 107 mulheres de diferentes profissões. O resultado foi transformado na impactante exposição "Cuide de você", conselho dado por seu fugidio namorado.
O trabalho é incrível, não deixem de conferir.
Arte contemponânea da melhor qualidade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nhô Guimarães




Fantástica a peça em cartaz no Sesi do Rio Vermelho. O texto, de Aleilton Fonseca, conta com a adaptação de Edinilson Motta Pará e Deusi Magalhães.

É Deusi quem, do palco, nos conduz por todas as veredas do peculiar universo de Rosa e, com muita ternura, compartilha com o público 1h20m da mais pura emoção.

O cenário é incrível, funcionalíssimo, a iluminação bem elegante, tudo parece conspirar a favor dessa pequena obra-prima que, infelizmente, está muito pouco divulgada, além de só estar em cartaz sábado e domingo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Aos 200 anos de Allan Poe



O CORVO
tradução de Machado de Assis
Em certo dia, à hora, à hora
Da meia-noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho,
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais."

Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.

E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."

Minh'alma então sentiu-se forte;
Não mais vacilo e desta sorte
Falo: "Imploro de vós, — ou senhor ou senhora,
Me desculpeis tanta demora.
Mas como eu, precisando de descanso,
Já cochilava, e tão de manso e manso
Batestes, não fui logo, prestemente,
Certificar-me que aí estais."
Disse; a porta escancaro, acho a noite somente,
Somente a noite, e nada mais.

Com longo olhar escruto a sombra,
Que me amedronta, que me assombra,
E sonho o que nenhum mortal há já sonhado,
Mas o silêncio amplo e calado,
Calado fica; a quietação quieta;
Só tu, palavra única e dileta,
Lenora, tu, como um suspiro escasso,
Da minha triste boca sais;
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no espaço;
Foi isso apenas, nada mais.

Entro coa alma incendiada.
Logo depois outra pancada
Soa um pouco mais forte; eu, voltando-me a ela:
"Seguramente, há na janela
Alguma cousa que sussurra. Abramos,
Eia, fora o temor, eia, vejamos
A explicação do caso misterioso
Dessas duas pancadas tais.
Devolvamos a paz ao coração medroso,
Obra do vento e nada mais."

Abro a janela, e de repente,
Vejo tumultuosamente
Um nobre corvo entrar, digno de antigos dias.
Não despendeu em cortesias
Um minuto, um instante. Tinha o aspecto
De um lord ou de uma lady. E pronto e reto,
Movendo no ar as suas negras alas,
Acima voa dos portais,
Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas;
Trepado fica, e nada mais.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: "O tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize os teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

Vendo que o pássaro entendia
A pergunta que lhe eu fazia,
Fico atônito, embora a resposta que dera
Dificilmente lha entendera.
Na verdade, jamais homem há visto
Cousa na terra semelhante a isto:
Uma ave negra, friamente posta
Num busto, acima dos portais,
Ouvir uma pergunta e dizer em resposta
Que este é seu nome: "Nunca mais".

No entanto, o corvo solitário
Não teve outro vocabulário,
Como se essa palavra escassa que ali disse
Toda a sua alma resumisse.
Nenhuma outra proferiu, nenhuma,
Não chegou a mexer uma só pluma,
Até que eu murmurei: "Perdi outrora
Tantos amigos tão leais!
Perderei também este em regressando a aurora."
E o corvo disse: "Nunca mais!"

Estremeço. A resposta ouvida
É tão exata! é tão cabida!
"Certamente, digo eu, essa é toda a ciência
Que ele trouxe da convivência
De algum mestre infeliz e acabrunhado
Que o implacável destino há castigado
Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,
Que dos seus cantos usuais
Só lhe ficou, na amarga e última cantiga,
Esse estribilho: "Nunca mais".

Segunda vez, nesse momento,
Sorriu-me o triste pensamento;
Vou sentar-me defronte ao corvo magro e rudo;
E mergulhando no veludo
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera
Achar procuro a lúgubre quimera,
A alma, o sentido, o pávido segredo
Daquelas sílabas fatais,
Entender o que quis dizer a ave do medo
Grasnando a frase: "Nunca mais".

Assim posto, devaneando,
Meditando, conjeturando,
Não lhe falava mais; mas, se lhe não falava,
Sentia o olhar que me abrasava.
Conjeturando fui, tranqüilo a gosto,
Com a cabeça no macio encosto
Onde os raios da lâmpada caíam,
Onde as tranças angelicais
De outra cabeça outrora ali se desparziam,
E agora não se esparzem mais.

Supus então que o ar, mais denso,
Todo se enchia de um incenso,
Obra de serafins que, pelo chão roçando
Do quarto, estavam meneando
Um ligeiro turíbulo invisível;
E eu exclamei então: "Um Deus sensível
Manda repouso à dor que te devora
Destas saudades imortais.
Eia, esquece, eia, olvida essa extinta Lenora."
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do inferno
Onde reside o mal eterno,
Ou simplesmente náufrago escapado
Venhas do temporal que te há lançado
Nesta casa onde o Horror, o Horror profundo
Tem os seus lares triunfais,
Dize-me: existe acaso um bálsamo no mundo?"
E o corvo disse: "Nunca mais".

“Profeta, ou o que quer que sejas!
Ave ou demônio que negrejas!
Profeta sempre, escuta, atende, escuta, atende!
Por esse céu que além se estende,
Pelo Deus que ambos adoramos, fala,
Dize a esta alma se é dado inda escutá-la
No éden celeste a virgem que ela chora
Nestes retiros sepulcrais,
Essa que ora nos céus anjos chamam Lenora!”
E o corvo disse: "Nunca mais."

“Ave ou demônio que negrejas!
Profeta, ou o que quer que sejas!
Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!
Regressa ao temporal, regressa
À tua noite, deixa-me comigo.
Vai-te, não fique no meu casto abrigo
Pluma que lembre essa mentira tua.
Tira-me ao peito essas fatais
Garras que abrindo vão a minha dor já crua."
E o corvo disse: "Nunca mais".

E o corvo aí fica; ei-lo trepado
No branco mármore lavrado
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,
Um demônio sonhando. A luz caída
Do lampião sobre a ave aborrecida
No chão espraia a triste sombra; e, fora
Daquelas linhas funerais
Que flutuam no chão, a minha alma que chora
Não sai mais, nunca, nunca mais!

domingo, 5 de julho de 2009

Eu e o robô


A Petrobrás, não satisfeita em torrar o dinheiro público com campanhas que "limpem" sua barra, pra ficar no clima da "energia limpa", agora inventou esse robô que de inteligente não tem nada, como podem ver abaixo na nossa "conversa".
Vi a indicação no blog do Serbão e a ilustração é essa coisa infantil que está aí mesmo, tem outras opções, ainda piores. À entrevista:

Robô Ed: Olá! Meu nome é Ed, estou aqui para ajudar na preservação de energia e de outros recursos naturais. Sobre o que você quer conversar?
Você: meu nome é christiana, quero falar sobre dicas de preservação
Robô Ed: Olá! Nada contra. Preservar é conservar. E preservação significa a utilização consciente dos recursos sem degradar a natureza. Para um desenvolvimento social, a conservação ambiental é imprescindível. E eu, como você já sabe, sou o Ed. Estou aqui numa importante missão.
Você: Qual a sua missão?
Robô Ed: Minha missão é conscientizar os humanos a preservar os recursos naturais e usar a energia do planeta Terra de maneira eficiente.
Você: como se faz essa conscientização?
Robô Ed: Conscientizar... Essa é minha missão. Conscientizar sobre a preservação os recursos naturais e uso racional da energia.
Você: dê exemplos de uso racional de energia
Robô Ed: Usar racionalmente é usar bem, sem desperdiçar. Assim você contribui para que não falte energia no futuro.
Você: há possibilidade de faltar energia no futuro?
Robô Ed: No futuro, a energia virá de fontes renováveis.
Você: renováveis como solar e eólica, ou biocombustíveis? Para mim esses últimos não são renovaveis.
Robô Ed: Fontes de energia não-renováveis são as que natureza fabricou há milhões de anos, tipo carvão, petróleo e gás natural. Um dia vão se esgotar.
Você: mas biocombustiveis sao renováveis?
Robô Ed: Biocombustível é qualquer combustível produzido a partir de biomassa. A biomassa atualmente é extraída da soja, mamona, canola, algodão, dendê, girassol, babaçu, etc. Mas há novos estudos visando não competir com a produção de alimentos: o CENPES vai produzir combustíveis de alta qualidade só a partir de palha e bagaço! São os chamados biocombustiveis de segunda geração. O futuro do futuro.
Você: ok, obrigada.
Robô Ed: De nada.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tom Zé/Amado Michael

Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.

Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.

Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.

Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.

II

Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.

Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?

Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson ...



São João sem saudosismo



Nada me tira mais do sério do que a turma de "no meu tempo..." Primeiro porque, a exemplo de Paulinho da Viola, "meu tempo é agora".
Dito isso, vamos ao São João. Perdi a conta do número de lamentos que ouço cada vez que vem esta festa. Pelamordedeus! A fila anda, os costumes felizmente mudam, e não seria o São João que iria ficar pra trás.
Portanto, vamos pra diante, tratando de nos acostumarmos com o forró que não é só pé de serra agora, é eletrônico, universitário e o que mais inventarem.
O meu foi em Miguel Calmon, terra de uma amiga, com direito a Dominguinhos, Adelmário Coelho e Magnifícos.
A festa lotou a cidade, já que Jacobina, cidade vizinha, não comemora e veio gente de Piritiba, terra de nosso querido Wilson Aragão, quem lembra? Plantei um sítio no sertão de Piritiba...
É isso! Como diz meu querido Millôr, "tragam a saudade pro dia-a-dia pra ela não virar melancolia".

sábado, 25 de abril de 2009

Cinismo contemporâneo


do blog sizenando.ops

terça-feira, 31 de março de 2009

O infinito a partir do pó royal



Uma das imagens que mais me impressionavam, quando criança, era a latinha do pó royal, fermento usado em bolos e receitas caseiras. A latinha em si já era linda, pequena, redondinha, um sonho. Aí vinha o rótulo, que era o que mais me intrigava: Uma foto da mesma lata do pó royal, que continha outra lata dentro, e assim sucessivamente. Eu passava um bom tempo olhando aquele rótulo, imaginando quando iria parar. E chegava sempre à mesma conclusão: nunca...

terça-feira, 17 de março de 2009

A excomunhão da vítima/Miguezim de Princesa

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A vida não alisa

Infelizmente la nave nem sempre vai pra onde a gente deseja. Quanta água rolou nesse 2008, quantas perdas, quantos sobressaltos... Alegrias, também, seria injustiça não admitir isso, como o prêmio da Fundação Cultural (que até hoje não recebi, mas tou confiante!)amigos verdadeiros que permanecem e novos amigos que chegam, a oficina da Berimbanda na Mombaça, três dias de intenso trabalho e mais intenso prazer.
Saúde cambaleante na família, com o trágico avc de uma querida tia. Enfim, a gente sabe que a vida não alisa, mas por defesa tratamos sempre de esquecer isso.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

E la nave continua indo...



Lá vamos nós para 2009, catando os caquinhos do que foi esse ano que passou, balanços das nossas vidas, planos para o novo ano que chega... Final de ano é sempre essa hora de repensarmos o rumo das nossas barcas, mudança de rotas, desvios, atalhos, sempre a ilusão da possibilidade de um recomeço, como se nossas vidas estivessem atreladas a calendários vãos. Apesar de boa parte da humanidade não considerar essa data o fim de um ano, para nós é sempre uma hora de acerto de contas. Então vamos nessa! Sem retrospectivas, por favor, que disso se encarregam os medíocres meios de comunicação. O "cacos" compartilha com seus amigos fé no futuro. Coisa difícil, quando lembramos que teremos pela frente sabe-se lá que consequências de uma crise que nem fazemos idéias das proporções. Quase impossível ficar imune a isso, por mais que se tente. Ainda assim, fé no futuro que virá, que já vem vindo, como "anuncia" Alceu Valença:

Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais...
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais...


E um pouco de Drummond, que ninguém é de ferro:


Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido)para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Um grande 2009 a todos! Façamos por merecê-lo.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Libertada Caroline

Saiu da cadeia ontem a pixadora da 28ªBienal de SP, Caroline Pivetta da Mota (que se assina "Sustos"), que passa a responder processo em liberdade.
"Entre o vazio existencial da jovem 'Sustos' e o vazio conceitual da Bienal, há menos identificação do que antagonismo: a fúria da primeira é o impulso desesperado de vida que traz a luz o espírito burocrático e mortificante da segunda. O templo da arte contemporânea (a Bienal) faz aqui o papel (ou papelão) de museu do que há de pior na tradição nacional. Ou esse qüiproquó artístico-policial não é um sinal das nossas iniqüidades de sempre?" ("O vazio e a fúria", Fernando de Barros e Silva na Folha de São Paulo, 15/12/2008).

postado por Jozias Benedicto às 12:24

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O vazio de Caroline


A prisão da pixadora do "vazio" da Bienal, Caroline Mota, 23 anos, por 50 dias no meio de mais de 4o pixadores, tendo sido a única punida porque não conseguiu comprovar residência e já ter antecedentes (como pixadora) é mesmo algo a se lamentar.

Uma bienal que se propõe um andar vazio nesses tempos de arte contemporânea, era no mínimo de se esperar alguma intervenção como essa. Parece que estavam convidando, até em nome de atrair uma suposta mídia, o que conseguiu.

Tentativa de suicídio aos 17 anos, admiradora confessa da bienal, Caroline parece retratar o vazio do nosso tempo.

Cinema no passeio

Até o próximo domingo, 21, os moradores e turistas da região do Passeio Público, bairro de Campo Grande, poderão assistir a exibições gratuitas de filmes nacionais ao ar livre. A iniciativa, batizada de Cinema no Passeio, é patrocinada pelo Banco do Brasil e traz filmes em formato digital, com áudio e imagem melhorados no caso dos filmes mais antigos, segundo a assessoria do TVV.

Dentre os que serão exibidos, destaque para Baile Perfumado; Cinema, Aspirinas e Urubus; Janela da Alma e Deus e o Diabo na Terra do Sol. Antes dos longas, são mostrados curtas realizados nos últimos anos no estado.

Serviços:
Cinema no Passeio - Cinema Brasileiro ao ar livre
Local: Passeio Público, Campo Grande - Salvador/BA
Datas: de 15 a 21/12 às 18h
Preço: Grátis
Contatos: (71) 3083-4610 ou www.programadorabrasil.com.br

Louvável a iniciativa. O Passeio Público é um lugar lindo e inacreditavelmente abandonado, como muitos aqui em Salvador. Essa idéia poderia se estender por vários meses, numa tentativa de revitalizar a área.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Novo Glauber Rocha


Estive na inauguração do Cine Glauber Rocha. Marcado oficialmente para as 19 horas, com uma entrevista de Rogério Duarte, filme as 20 e coquetel depois. Tudo muito razoável, se não estivéssemos na Bahia.
A tal entrevista ninguém soube dizer onde aconteceu, uma das salas de exibição, a sala 1, ficou para os "notáveis" (família de Glauber e oficialato) e o público foi distribuído em mais 2 salas. Às 21 horas exatamente, em função da discurseira do oficialato, começou a projeção do Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, cópia restaurada. Ou seja, o coquetel começou quase 23 horas, coisa impensável para quem vai ao centro sem carro. Esse é o horário do último buzu que sai da rua Chile.
Pra não dizer que só falei mal, o espaço cultural está fantástico, de muito bom gosto. Resta saber se vai vingar, a não ser que se repense essa questão do transporte público praquela região. Já tinha comentado o mesmo sobre o Pelourinho. Revitalicação do centro? Transporte 24 horas, pelo menos!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mercado Cultural, Rumpilezz com Stanley Jordan e Armandinho

A semana foi, culturalmente, muito movimentada aqui em Salvador. Tivemos o Mercado Cultural, esse ano um pouco mais minguado por falta de patrocínio (inacreditável!) mas ainda assim muito diversificado e de alto nível.

Terça foi a vez do Rumpilezz na Praça Tereza Batista "de grátis", com as luxuosas presenças de Armandinho e Stanley Jordan, que está querendo comprar uma casa em praia do Forte. O show foi muito bom, lotado. Ficam o mês de dezembro, todas as terças-feiras. Iniciativas como essa é que podem ainda salvar o decrépito Pelourinho. Música, teatro, dança, e principalmente transporte, para que quem não tem carro possa ir sem se preocupar com o último "buzu" 23 horas na Praça da Sé. Só mesmo na Bahia!

Sem contar o Samba do Circo Picolino, toda terça também, a partir das 20 h. Com o Coletivo do Samba, é coisa da melhor qualidade!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Parabéns, professora Ninfa!

Professora de Pindaí recebe prêmio nacional
Experiência educativa da pedagoga Ninfa Freire ficou entre os 10 melhores trabalhos do Brasil voltados para Educação Fundamental
jornalista Silvia Araújo

A professora baiana Ninfa Freire Fausto, natural de Guanambi, foi selecionada no Prêmio Professores do Brasil - 3ª Edição. A experiência educativa "Lembranças que vão, lembranças que vêm. Entre na roda você também", que desenvolveu na Escola Municipal Thales Fausto, localizada na fazenda Lagoa Funda, no município de Pindaí, que fica a 800 km de Salvador, para alunos da 1ª série do 1° grau, ficou entre os 10 melhores trabalhos do Brasil voltados para Educação Infantil.
A premiação aconteceu em Brasília no 3º Seminário Prêmio Professores do Brasil, nos dias 2 e 3 de dezembro, com a participação do ministro da educação Fernando Hadad. O Prêmio Professores do Brasil é realizado pelo MEC (Ministério da Educação (Consed), e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). A unidade de ensino também foi premiada e vai receber muitos prêmios.

Conhecimento histórico local

"Lembranças que vão, lembranças que vêm. Entre na roda você também" surgiu com a possibilidade de promover o conhecimento histórico nas séries iniciais, sem obedecer aos tradicionais temas fixos do calendário festivo, normalmente contemplados pelas escolas públicas. A proposta era fazer com que o aluno assimilasse os conhecimentos de história, se situando no tempo e espaço em que vive, observando sua realidade e cultura.
Assim, a professora iniciou um trabalho de pesquisa que possibilitou a valorização do lugar sociocultural do aluno e suas formas de representações de saberes construídos em todas as experiências socioeducativas e nos espaços escolares. Portanto, foi considerado uma personagem histórica local, Hilda Gottschalk, e os documentos pertencentes a ela. "Desvendar, estudar, conhecer o mito Hilda Gottschalk era mesmo que proporcionar aos educandos a oportunidade de pensar sobre a construção histórica de sua localidade, sua forma de viver, organizar, sentir, aprendendo assim a valorizar o patrimônio, que está presente na comunidade e que tanto reforça a identidade local", explica ela.
Lecionando desde 1994 na mesma unidade de ensino, a professora Ninfa ostenta uma série de prêmios, como o Amiga da Cultura, da Associação de Cultura e Desenvolvimento Educacional (ABCDE), com apoio da UNICEF, em 2000; 500 anos do Brasil (Professores nota 10), em 1999, promovido pela Rede Globo de Televisão; Escuelas que Hacen Escuela, da Organización de Estados Iberoamenicanos (OEI), em 2000, e Prêmio Incentivo à Educação Fundamental, do MEC e Fundação Bunge, nos anos 2001, 2002 e 2003. Além disso, foi agraciada com os diplomas de Honra ao Mérito com o Programa: Educar para Vencer, concedido pela Secretaria de Educação Estadual da Bahia, edições 2001,2003 e 2005; e pela Secretaria do Ensino Fundamental (MEC), em 2000, 2004 e 2005.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dr. Dantas faz 90 anos!

Doutor Dantas foi uma figura mitológica da minha infância. Meus pais e avós sempre se referiram a ele com muito reverente respeito, acentuando a figura do grande médico que salvou muitas vidas naquele sertão de Urandi e redondezas. Eis que agora recebo do seu filho, o maestro Fred Dantas, o comunicado dos seus 90 anos. É com muita honra que publico aqui o texto que me enviou.

Fred Dantas
O dia 3 de Dezembro de 2008 é muito importante para a humanidade. Nesta data Dr. Dorivaldo Dantas completa 90 anos. Sem receio de parecer exagerado ou por demais emotivo, diria que, hoje, o ciclo previsto pelo Criador para o ser humano chega a um êxito fantástico.
Um homem, uma pessoa, um filho de Deus nasce, tem lá sua primeira infância, depois torna-se um estudante exemplar, por fim ingressando na honrosa e bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia, onde se diplomou em 1944. Conhece uma linda jovem, Edith, com ela se casa e tem quatro filhos.
Enquanto isso, como profissional, constrói uma carreira exemplar, especializando-se em Pedriatria. Colega e contemporâneo de outros referenciais da medicina, como José Silveira e Paulo Jesuíno, optou por tornar-se um médico-sacerdote do povo do interior. Em Urandi, fronteira da Bahia com Minas, torna-se um mito de eficiência e caridade. Há quatro anos o Cremeb lhe outorgou prêmio por 50 anos de exercício da Medicina sem sofrer qualquer censura.
Atravessou a fase tardia dos coronéis, dos currais eleitorais, do Estado Novo, da democracia, da ditadura, da democracia de novo, sem nunca declarar apoio explícito a candidato algum. Seu atendimento se dirigia às pessoas, fossem elas de que corrente fossem. Jamais se beneficiou de indicações, conchavos ou imediatismos políticos, aposentando-se finalmente como médico do SUS, com vencimentos aviltantes em relação a tudo o que trabalhou.
Também nunca tive conhecimento de brigas públicas, disputa judicial, luta por espólios, intrigas, inimizades, tudo isso se constituiu em palavras estranhas ao admirável mundo construído por Dr. Dantas. Acostumei-me, ao contrário, a ouvir bênçãos de pessoas humildes, declarações de reconhecimentos de alunos, elogios derramados de políticos, companheirismo e fidelidade dos amigos.
Dr. Dantas, enquanto morador de pequena localidade, nunca se furtou a leituras atualizadas, sendo assinante, pelo que me lembro da minha infância, de revistas como Time, Life (que vinham pelo correio dos Estados Unidos), Manchete, O Cruzeiro e Visão, tornando-se depois assinante de Veja, até a atualidade. Quando em Urandi havia cinema, os proprietários eram moralmente obrigados a solicitar filmes que o meu pai indicava, tornando possível lá se assistir, pouco tempo depois de lançados, filmes clássicos como Os Girassóis da Rússia, a Megera Domada ou, no caso brasileiro, Tocaia no Asfalto e Mineirinho Vivo ou Morto, ao lado daqueles faroestes com trilha sonora de Morricone.
Por sua admiração declarada a J. F. Kennedy e à cultura dominante nos anos 1960, mereceu dos estudantes o apelido de “o americano”. Padres, missionários, empresários ou engenheiros de mineração que porventura residiram ou trabalham em Urandi por breve tempo, têm encontrado em Dr. Dantas um interlocutor dinâmico, apto a uma boa conversação em inglês e eleitor virtual de Obama, ainda mais porque em sua longa atenção à política norte-americana, nunca tolerou os republicanos.
Mas não pense que irá encontrar nessa prosa um defensor intransigente de assunto qualquer, de tal teoria ou causa. Irá achar, com prazer, um interlocutor vivo sobre qualquer assunto que não venha de ou acarrete problemas. Aí vale a situação do Esporte Clube Bahia, de quem é torcedor há oito décadas, a novela, o último escândalo político-financeiro, a crise, a vida dos outros. E, qual seja o assunto, nada vale se não for acompanhado de certa quantidade de riso e humor inteligente.
Uma vida longa e cheia de trabalho como esta pode servir, para pessoas de boa vontade, de link, de elo para diversos assuntos correlatos como, por exemplo:
A origem familiar nunca enfatizada. De como o meu avô Pedro Dantas nunca cultivou espécie nenhuma de laço com a família de origem. Ao contrário, ao se transferir de Itapicuru para Curaçá, já nas beiras do São Francisco, se dirigiu a um cartório e mandou retirar o Martins do nome, ficando apenas Pedro Dantas. Em Bonfim foi dono do cinema e comerciante de tecidos, e lá nasceram Dorivaldo e Dora.
Esta origem nos remete a investigar o próprio Sertão, o curioso fenômeno do baronato de Cícero Dantas, a construção do seu sonho de grandeza em meio à caatinga, a invasão da fazenda Canudos, pertencente a um seu genro, por Antônio Conselheiro e, por conseguinte, seu papel como incitador da Guerra de Canudos. As fotos da época nos inspiram a compreender o fenômeno das cidades clássicas, sua cultura idealizada e suas filarmônicas. Numa delas, a 15 de março, apelidada de “monarquia”, o meu avô tocou trompete.
Depois, a juventude de Dori em Salvador nos remete a uma efervescente vida urbana, em uma cidade de clima ameno, praças arborizada, cercada de florestas e roças estonteantes. A Rua Chile era o point. As Festas da Mocidade, a balada. Carlos Chiacchio era o intelectual, enquanto Zé Coió, era o grande e temido crítico de auditório. O Campo da Pólvora era dos namoros, a longínqua Itapoã, dos veraneios.
Sua convocação para o Exército, em plena II guerra Mundial, nos remete para um mundo em convulsão, o coração partido da noiva, o treinamento rigoroso. Patrulhas da costa brasileira, metralhadora ponto 40 sempre em alerta. Como meu pai se lamenta de ter metralhado uma baleia, na paranóia de um submarino alemão! Então vem o Fim da Guerra às vésperas do Embarque para a Itália. Depois, o mundo em festa, a formatura, o casamento afinal.
Sua participação na construção da Estrada de Ferro Norte-sul, um esforço de Guerra, se constitui num grandioso capítulo de heroísmo e obstinação, onde fulguram nomes como Vasco Neto, Dr. Mário Paula, Engenheiro Oscar... Essa estrada, cortando abismos e montanhas em tese intransponíveis, o levou a Urandi, onde permaneceu.
O exercício da medicina em uma cidade do interior, seus desafios, suas carências, seus momentos de poesia e reconhecimento por parte do povo, tudo isso será fonte de estudos ao se perscrutar a atividade profissional de Dr. Dantas. Ao solucionar casos desenganados nos grandes centros urbanos, tornou-se referência em São Paulo. Ao determinar em poucos minutos o mal, com o cabedal da experiência, criou fama de milagreiro, o que, aliás, detesta. Ao acudir com presteza à emergência, tornou-se médico pessoal de meio-mundo de gente. Ao saber de tudo um pouco, economiza exames de laboratório ao simples exame visual de uma pálpebra ou de uma língua. Isso cria mito e o mito foi criado, queira ou não o médico.
A fundação do Ginásio de Urandi foi um feito comparável, no terreno do pioneirismo cultural, a construir estrada de ferro sobre abismos. Junto a outros cidadãos notáveis da sua cidade, como Theodolindo, Tideca, Luis Gomes, Zé Brito, Tòzinho e outros Dr. Dantas se põe à frente de construir uma unidade de ensino referencial, com gestão independente das administrações municipal e estadual, e ao mesmo tempo não se configurando como ginásio particular. Seu ensino rigoroso e comprometido resultou em turmas e turmas de bem sucedidos profissionais, que até hoje agradecem e reconhecem a sólida formação adquirida no Ginásio de Urandi.
Não haveria como encerrar o presente texto se continuasse lembrar novas facetas do homem Dr. Dantas. Seu romance de 70 anos com sua gata, desculpem, a professora, Edith, e como criaram os filhos: Nádia, professora; Roberto e George, advogados e Fred, músico. O que fazem as filhas de consideração Dina, enfermeira, e Isaura, professora.
Depois, numa longa fila para lhe dar esse beijo de 90 anos, doutor, estão os diversos netos e agora bisnetos. Quando eles derem espaço, vêm os amigos do peito, companheiros de longa data, representados por Amaurílio e Sinhôda. Os próximos a lhe dar esse grande abraço são os moradores de Urandi, e também gente da roça, trazendo galinha, feijão verde, milho...
Depois vem toda a população do Sudoeste, gente de Guanambi, Caetité, Pindaí, Jacarací, Licínio de Almeida,e também de Espinosa e Monte Azul, já em Minas. Que fila enorme! Todos querendo apertar as mão de quem lhes tirou, abaixo de Deus, a dor, a preocupação, o medo e a doença. Afinal, meu pai, em certo momento a mão de Deus e as suas de certo modo se completam; acostumei-me a ler no vidro do seu carro o adesivo: sanare dolorem opus divinum est.
Efetivamente “já lhe falei de tudo, mas tudo isso é pouco diante do que sinto”. Falei tanto sobre doutor que deixarei para depois, em novo momento, para falar do meu pai, do orgulho que sinto em ser filho de Dr. Dantas, “Fred de Dr. Dantas”. De como me sentia e sinto ainda, forte e seguro quando estou junto a ele. Do exemplo de vida. Da firmeza de caráter. Do amor, finalmente, à vida, à natureza e à humanidade.
Salvador, Dezembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Voltage campeão


Festival é festival, cabeça de jurado é cabeça de jurado, por isso não adianta ficar discutindo resultado. O grande vencedor do Festival 5 Minutos foi o filme Voltage, dos pernambucanos de Olinda Willian Paiva e Fillipe Lyra. Uma animação tecnicamente bem feita e só. Primeiro, acho que deveria haver categorias: uma animação não poderia, a princípio, concorrer com um documentário ou uma ficção, são praias diferentes. Mais fofocas do Festival (que este ano teve até um ombusdman!) no site www.dimas.ba.gov.br